segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

AVIS MELLÍFERA 2012



Nesta altura do ano em que as temperaturas condicionam a realização de actividades junto das nossas colónias de abelhas, existe disponibilidade para outras acções também ligadas à apicultura, nomeadamente recuperação de material para a próxima campanha, bem como participação em eventos sobre o sector.

No passado dia 8 de Dezembro participei no evento AVIS MELLÍFERA 2012, que se realizou em Avis e que permitiu reforçar duas convicções que já tenho há muito tempo…

A primeira convicção que sai reforçada é que sempre fui bem recebido no Alentejo ao longo da minha vida e este evento não foi excepção. Tanto eu, como creio, todos os participantes se sentiram como se estivessem em casa, recebidos de forma muito afectuosa.

A minha segunda convicção que sai reforçada é que sempre fui uma pessoa simples que gosta de coisas simples e este evento apesar de muito simples, ultrapassou todas as minhas expectativas.

A acção promovida pela ADERAVIS, associação local do sector, decorreu no salão da Junta de Freguesia de Avis, que foi devidamente preparado para o efeito e que recebeu mais de meia centena de apicultores oriundos de vários pontos do país.

A parte da manhã foi preenchida com um workshop sobre hidromel, onde o Dr. António Hermenegildo (SAP) explicou o processo de produção da bebida de forma simples, mas bastante eficaz, tendo relatado as várias experiência que realizou em torno desse produto, para garantir a sua qualidade.

Após a apresentação teórica, passou-se à parte prática, onde houve a possibilidade de efectuar a prova dos vários tipos de hidromel de acordo com a sua densidade.


Para ser sincero…. Não me agrada muito o sabor do produto, pois imaginava-o mais doce, tendo em conta a utilização do mel no seu processo de fabricação.

Após o período de almoço, realizou-se um colóquio onde foram abordados temas relevantes para o sector apícola.


O Dr. Joaquim Pifano em representação da ADERAVIS abordou a temática da flora apícola, mostrando a  abordagem  passiva/activa que o apicultor deverá ter a este nível. Foram identificados alguns problemas e algumas soluções ao nível dos pastos apícolas, tão necessários para o desenvolvimento das colónias. Houve ainda o cuidado de apresentar algumas espécies de plantas, arbustos e árvores que se podem utilizar na região para adensamento, com elevado potencial apícola.

O Engº. Pedro Santos em representação da CNA falou sobre a apicultura e a nova PAC, tendo identificado alguns problemas que se verificam a nível da agricultura nacional e que consequentemente afectam também a apicultura. Teve ainda o cuidado de reforçar a importância dos movimentos associativos nos vários sectores da agricultura, que podem e devem ser entidades activas na defessa dos interesses dos seus associados.

Seguiu-se a apresentação do Eng.º Paulo Varela em representação da Montemormel que abordou as vantagens e desvantagens das melarias colectivas. Atendendo à legislação que regulamenta o sector apícola, parece fazer todo o sentido a existência destas unidades. Parece-me óbvio que as vantagens superam largamente as desvantagens, não só porque facilitam a vida ao apicultor ao nível do processo de extracção, como pelo facto de quase sempre estarem ligadas a associações, puderem facilmente potenciar a venda do produto, conseguindo preços e condições muito melhores, que as obtidas individualmente por cada apicultor. 

No meu ponto de vista, parece haver necessidade de consertar posições ao nível das associações que estejam territorialmente mais próximas, para que da partilha de uma única melaria se possa aumentar a escala, donde resultará naturalmente um reforço da posição no mercado.

Embora saiba que muitas vezes a distância pode ser sinónimo de afastamente, a existência de bons acessos no território e de meios entre associações, pode ajudar nessa aproximação.

O Engº. José Serranito em representação da Qalian falou sobre sanidade apícola e apresentou as diferenças entre produtos químicos e produtos homeopáticos, tendo saído reforçada a ideia da necessidade de acompanhamento permanente das colmeias, com maneio adequado e com a aplicação de produtos seguros que cumpram com eficácia o seu objectivo.


Resta acrescentar que o colóquio foi superiormente moderado pelo Eng.º José Gardete, que soube sempre identificar os pontos essenciais de cada intervenção, dando algumas “achegas” que complementavam a discussão dos vários temas em análise, mantendo sempre um bom nível de discussão entre os oradores e o público.

Realço em seguida alguns temas/aspectos que foram colocados pelos apicultores presentes no colóquio:

- Ordenamento do sector apícola;
- Movimentos de transumância vindos de Espanha;
- Questões de segurança na sanidade apícola associadas à transumância espanhola;
- Inércia na intervenção de autoridades nacionais ao nível da fiscalização;
- Formas de cumprir com a protecção contra incêndios que não destruam a flora apícola;
- Importância do movimento associativo na defesa do sector;
- Necessidade de efectuar campanha de combate à varroa, com intervenção conjunta  e simultânea em todo o território nacional;
- Criação de melarias conjuntas que defendam os interesses dos apicultores;
- Importância de maneio adequado e acompanhamento do desenvolvimento de colónias;

Em suma, a Avis Mellífera 2012 foi a meu ver uma acção de enorme sucesso, que espero tenha ido ao encontro dos objectivos definidos pela organização.

Foi para mim um prazer poder contactar com apicultores experientes, disponíveis para explicar procedimentos, dar dicas e ensinar truques de forma tão natural e espontânea, que para um aprendiz de apicultor como eu, valem ouro.

Felicito a organização pelo excelente dia que me proporcionaram e agradeço a simpatia e simplicidade de todos os elementos da direcção, oradores e participantes, com os quais aprendi bastante.

A TODOS, um bem haja e votos de boa sorte!!

Saudações Apícolas!!